Tom Daley e o artesanato: por que a representatividade importa?

Durante as Olimpíadas de 2021, Tom Daley, campeão de saltos sincronizados, subiu ao podium chorando. Da mesma forma, artesãos, artesãs e pessoas de todas as partes do mundo que lutam pela valorização do trabalho artesanal também se emocionaram.

Para nós foi um reconhecimento automático: uma agulha = crochê, duas agulhas = tricô. Nós já sabíamos o que ele tecia naquela arquibancada, pois linhas, agulhas e o misto de curiosidade e estranhamento em relação ao nosso trabalho fazem parte do dia a dia de qualquer artesã.

Ao nos depararmos com as fotos de um atleta olímpico segurando linhas e agulha, era como se nós estivéssemos nos olhando no espelho, visto que a maioria das pessoas que produzem artesanato também desenvolvem alguma outra profissão.

atleta olímpico tom daley fazendo tricô e a representatividade disso para o artesanato

Seja por hobby, saúde mental ou para complementar a renda familiar, aquela imagem, que é o reflexo da nossa realidade, foi a ponte para o diálogo – ou pelo menos para um pouco de curiosidade – entre a sociedade que nunca mais tinha ouvido falar em crochê ou tricô.

Diante dessa identificação, a Briselier te convida para refletir sobre a importância desse holofote mundial nas práticas artesanais. Vamos juntas?

1. O que é representatividade?

Primeiramente, precisamos definir o que significa o termo representatividade. Nesse sentido, a definição presente no ‘Dicionário de Política de Norberto Bobbio’ é de que esse termo significa “a expressão dos interesses de um grupo”. Assim sendo, a representatividade indica a construção da identidade de um grupo ou dos indivíduos do grupo.

Em síntese, se você faz parte de um grupo (de artesãs, por exemplo) e se sente empoderada, valorizada ou contemplada pela vitória ou reconhecimento de alguém (seja por quem essa pessoa é ou pelo trabalho que ela representa), houve representatividade.

2. Mas afinal, porque a representatividade importa?

Agora que sabemos a definição de representatividade, devemos questionar qual a importância dela.

Naturalmente, se há um grande reconhecimento de um indivíduo, também há uma maior visibilidade do que ele é ou representa. Logo, com a representatividade, há um empoderamento na autoestima de cada integrante que se vê representado nessa pessoa. No caso do Tom Daley, por exemplo, percebemos diversos discursos orgulhosos vindos de várias artesãs e artesãos sobre a profissão que desempenham. 

Ainda, esse conhecimento e inserção no cotidiano do que antes era visto como “exótico” traz mais pluralidade e diversidade para a nossa sociedade, fazendo com que novas práticas sejam reconhecidas e normalizadas. Nesse sentido, no caso do artesanato, incentiva-se uma maior busca pela valorização e apoio da técnica artesanal.

Diante disso, é perceptível o exercício da empatia. Se estamos de frente para algo ou alguém que foge da nossa “bolha”, é comum tentarmos entender melhor para que possamos evitar o julgamento.

Se você é uma das pessoas que se interessou pelo trabalho artesanal do Tom Daley e quer aprender algumas ações práticas que contribuem para a valorização do artesanato, a Briselier fez uma publicação especial para você. Basta clicar aqui.

qual a representatividade que o tom daley promove para o artesanato?

3. Representatividade não é o mesmo que lugar de fala.

Para concluir, é preciso fazer uma observação para que não haja confusões, pois ainda há quem confunda representatividade com lugar de fala. 

Como já mencionamos, a representatividade significa representar com um grupo visando um empoderamento, empatia e até mesmo reconhecimento. Já a ideia do “lugar de fala” representa a possibilidade de tornar visível a existência e discursos de pessoas que são silenciadas e marginalizadas no dia a dia. 

Nesse sentido, embora a representatividade de Tom Daley seja significativa para o mundo do artesanato, ela deve servir como uma porta para que as artesãs e artesãos que vivem do trabalho artesanal cotidianamente tenham seu discurso ampliado. Assim, o poder da palavra é passado para as pessoas que realmente vivenciam aquela realidade.



Diante desses pontos, é fácil entender o porquê a imagem do atleta olímpico tricotando foi tão significativa para artesãs e artesãos. Parabéns para Tom Daley, não só pelas suas medalhas e dedicação, mas também por levar para o pódio um pouco de visibilidade ao trabalho artesanal. 

Por fim, para praticar um pouco mais da visibilidade e apoio ao trabalho artesanal, que tal seguir a Briselier nas redes sociais? Comentamos sobre artesanato, crochê e filtros dos sonhos no nosso Instagram, Youtube e Pinterest.

Um beijo e até a próxima!

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